As duas prisões preventivas foram pedidas com base no depoimento de cinco das seis supostas vítimas. Uma policial formada em Psicologia veio de Porto Alegre para desenvolver com as crianças e adolescentes o chamado depoimento sem dano. O objetivo foi evitar que, se houve realmente abuso, as vítimas fossem prejudicadas ao recontar a história. Conforme o delegado da Polícia Federal José Antônio Amaral, os relatos impressionaram pela quantidade de detalhes.
_ Os relatos são impressionantes. Os estupros eram cometidos pelo casal, não apenas pelo homem. Eles sofreram abusos de todos os tipos. Tinham de beber e fumar, sofriam choques com armas e tinham de ver filmes com cenas de sexo. Além do abuso físico, houve tortura psicológica. Diziam que, se os meninos contassem ou não fossem mais ao local, iam matar seus familiares _ relata o delegado.
Segundo Amaral, o homem suspeito ia até escolas para convidar jovens meninos a participar de aulas de artes marciais. Depois de ter uma turma formada, o suposto professor identificava os alunos mais suscetíveis. Três das crianças teriam chegado a morar na casa dos suspeitos.
_ No depoimento, eles preferiram não falar nada. Ele apenas negou que oferecesse aulas para as crianças. Ela confirmou que eles davam as aulas. Segundo as crianças, o casal tinha aprendido artes marciais em filmes _ afirma Amaral."